23 de Maio de 1990, saio de mais um dia de escola a correr, chego a casa mal conseguindo conter a ansiedade, conto as horas e os minutos, a esta distancia temporal recordo o passeio de bicicleta com os amigos para ajudar o tempo a passar. À hora marcada em frente à televisão preparo-me na minha meninice para ver o jogo, a final da Taça dos Campeões Europeus entre o meu Benfica e o Milan de Itália. Confesso que na altura não alcançava a importância de um jogo desta envergadura, era mais um jogo, e estaria longe de imaginar que seria até ao momento, a ultima final europeia do clube. Perdemos e naquela noite de Maio o meu benfiquismo de menino terminou em lágrimas que apenas pararam com a oferta de uma bola. Sempre recordei essa noite como um dos fundamentos desta paixão vestida de vermelho e branco, cresci com ela, ela cresceu à medida que os anos foram passando, cimentou-se, tornou-se parte de mim. Como todas as grandes paixões vive de enormes alegrias e de tristezas dilacerantes, sentimentos vividos na intensidade das grandes emoções, das coisas que nos enchem os dias. Este domingo era um dos mais de 64 mil que aguardavam em êxtase o final do jogo com o Rio Ave em plena Catedral, olhava o relvado, contemplava a multidão imensa, sentia toda aquela atmosfera inacreditável, e a mente recordava em passo acelerado tantos momentos de uma vida inteira de sonhos e ilusões, daquele menino que o golo do Rickard pôs a chorar ao homem feito que correu bancada abaixo para festejar o bis do Tacuara Cardozo. Sentir um clube acho que é isto mesmo, sentirmo-nos parte da sua história, termos a certeza que o clube faz parte da nossa. No domingo o relógio acelerava rumo a um título tão desejado e eu e aqueles milhares todos comungávamos a sensação que aquilo era também nosso, que também o queríamos dedicar á família, aos amigos, a alguém especial, também queríamos erguer a taça bem alto, beija-la, leva-la para casa. Esta magia de nos sentirmos capazes de tudo, de nos revermos naqueles heróis que carregam o manto sagrado, esta força única do futebol que tão subtilmente é uma metáfora da vida. No último segundo do jogo, no último instante de tão longa batalha, sorrisos mil, abraços sem parar e uma emoção enorme partilhada num pequeno / grande gesto com alguém que não se esquece. Um sonho cumprido, estar naquele palco num momento tão alto, foi como tocar nas nuvens, um prémio justo para anos de dedicação e identificação mútua. Saídos da Catedral de todos os sonhos, uma viagem atribulada no metro levou-nos até ao famoso Marquês do Pombal, palco histórico dos festejos do clube. Subo as escadas em passo acelerado e deparo-me com algo que jamais esquecerei, um cenário verdadeiramente louco numa festa com dimensões que ultrapassava todas as minhas expectativas. Horas e horas de uma alegria que exultava em cada canto, em cada pessoa, em cada bandeira que abraçava ao vento, em cada grito, em cada um dos milhares e milhares de verdadeiros campeões. No meio de toda a euforia a sensação soberba de sentir que era uma festa apenas a favor do clube de todos, sem cânticos contra ninguém, sem se falar em mais ninguém, ver o Rui Costa a silenciar alguns adeptos que começavam a cantar contra um determinado presidente, pedindo para que apenas se cantasse pelo Benfica. Isto entre muitas outras coisas marca a diferença, e provoca a existência de um clube sem símbolo mas com o rosto de todos aqueles que invejam a nossa grandeza especial , o Anti-Benfica teve um ano difícil e espero que o repita por muitos e bons anos.
Deixem passar o MAIOR de Portugal – Na alma a chama imensa


Do fundo da noite que me envolve
Escura como o inferno de ponta a ponta
Agradeço a qualquer Deus que seja
Pela minha alma inconquistável

Nas garras dos destino
Eu não vacilei nem chorei
Sob as pancadas do acaso
Minha cabeça está sangrenta, mas ereta

Além deste lugar tenebroso
Só se percebe o horror das trevas
E ainda assim, o tempo,
Encontra, e há de encontrar-me, destemido

Não importa quão estreito o portão
Nem quão pesado os ensinamentos
Eu sou o mestre do meu destino
Eu sou o comandante da minha alma


William Ernest Henley



Vi ontem este filme e achei bastante inspirador, a história verdadeira da conquista do Mundial de Rugby de 1995 da Africa do Sul, ou como mais uma vez o desporto foi fundamental na afirmação de um povo e neste caso, na união de duas raças que conviviam há muito tempo em conflito. Nelson Mandela foi sempre uma figura que me despertou curiosidade, e este é um excelente filme que aborda a forma como inteligentemente e com uma humanidade soberba, assumiu os destinos da África do Sul e abraçou o sonho da "Nação do Arco-Iris". Esse sonho que uma pequena cela nunca conseguiu amarrar, e teve o seu primeiro grande momento quando o capitão François Piennar levantou a Taça do Mundo que poucos julgavam ser possivel de conquistar. Mais do que o relato de uma conquista desportiva, este filme é cativante em todos os momentos, e o seu titulo vem de um poema que Mandela usava como fonte de motivação para não desistir nos momentos mais dificeis passados na prisão: Invictus de William Ernest Henley, que aqui deixo, porque somos todos comandantes da nossa alma.

11 inicial: Enke; Miguel ; Luisão ; Ricardo Rocha ; Leo ; Petit ; Rui Costa ; Katsouranis ; Simão ; Cardozo ; Nuno Gomes
Banco: Quim ; David Luiz ; Maxi Pereira ; Karagounis ; Tiago ; Miccoli ; Geovanni



Na baliza Enke, que no inicio da década defendeu superiormente a baliza de uma equipa muitas vezes cheia de jogadores com pouca qualidade para defender aquela camisola. O Enke era soberbo, sempre com aquele ar imperturbável na baliza, parecia estar sempre imune a tudo e defendia muitas vezes o impossivel. Infelizmente a vida acabou por ser madrasta com ele depois de sair do nosso país. No banco deixo o Quim, apesar de gostar mais do Moreira, o Quim acaba por estar ligado a muitos bons momentos da ultima década, as lesões e problemas do Moreira retiraram-lhe uma carreira impar, não tenho duvidas, mas o Quim num estilo mais discreto já deixou a sua marca. Na direita o "cowboy" Miguel, que principalmente no ano do título foi absolutamente imperial, prefiro sempre recordar o que fez dentro do campo, uma vez que fora dele toda a gente sabe a sua tendência para a asneira. Os centrais são uma dupla de guerreiros, o inevitavel Luisão e o Ricardo Rocha. O brasileiro é incontornável, o seu percurso já vai longo de manto sagrado vestido, aquela careca deu-nos um campeonato suadissimo e uma festa monumental, muitas vezes criticado sempre respondeu a isso com classe e trabalho ; e o grande Ricardo Rocha, com quem troquei inesqueciveis mensagens no Hi5 em plena caminhada para o título ( e sim era o verdadeiro R.Rocha ). No meio campo o pitbull Petit, enorme raça e empenho, fundamental durante vários anos, dele recordo um golo de sonho ao Paris Saint Germain na Luz comigo no estádio, numa eliminatória da Taça Uefa ; ao lado do 6 o grego Katso e o Maestro Rui Costa, do primeiro guardo um trajecto sempre muito regular no BENFICA, importante e muito útil à equipa, nomeadamente na primeira temporada em que até dotes de goleador revelou, e do Maestro nem preciso de escrever muito, poder ve-lo acabar a carreira com a classe com que o fez de vermelho vestido vale só por si a entrada directa neste onze. No ataque a escolha não era fácil, embora Simão e Cardozo fossem indiscutiveis. Para os acompanhar optei pelo Nuno Gomes, embora Miccoli também o pudesse merecer. Escolhi o 21 por tudo aquilo que representa para o clube, e pelo trajecto de muitos mais anos do que o italiano no BENFICA, nesta década o Nuno Gomes ganhou todos os títulos em Portugal, marcou os primeiros golos da Nova Catedral e ultrapassou a marca mitica dos 150 golos ao serviço do clube ( tem actualmente 161 ). O Simão estar neste onze era imperativo, foi de longe o melhor jogador destes ultimos dez anos, esteve em todos os momentos mais altos, aquele golo em Liverpool entrou directamente para a galeria dos imortais, e o Tacuara Cardozo tem por hábito fazer aquilo que interessa, ou seja, golos de todas as maneiras e feitios. Recordo os seus primeiros tempos na Luz, em que assistia em plena bancada aos assobios constantes e dúvidas dos treinadores de trazer por casa em relação ao paraguaio, que em dois anos e meio já leva mais de 50 golos de águia ao peito. No banco deixo para além do referido Quim, os defesas Maxi Pereira e David Luiz, que a continuar assim se candidatam a passos largos de figurarem num próximo onze de eleição. O uruguaio é daquelas máquinas de trabalho e dedicação, e o David Luiz é um jogador à BENFICA, de alma e coração e que por mim jamais sairia do clube, só não está neste onze porque entendo que o melhor deste menino ainda está para vir. Ao seu lado no banco estão também Tiago e Karagounis, dois médios com passagens demasiado curtas pelo BENFICA, o primeiro tornou-se um saltimbanco do futebol, já com passagens pelo Chelsea, Lyon e Juventus, foi decisivo naquela equipa que levantou o BENFICA e ganhou a Taça de Portugal ao Porto do Mourinho. O Karagounis era pura classe, a bola ficava colada aos pés daquele grego, que pecava por ser muitas vezes irregular. Para completar a convocatória o Soneca Geovanni que nos grandes momentos não facilitava e dava sempre um ar da sua graça, tinha tambem aquele saudável hábito de marcar à lagartagem. Alguns outros nomes poderiam ter feito parte das escolhas, incluindo da actual equipa, como Saviola, Ramires, Javi Garcia que têm estado a um nível altissimo, mas estão apenas há meio ano no clube. Espero que daqui a dez anos possa estar aqui a escolher novo onze, e que a selecção seja mais complicada fruto de grandes equipas e muitos títulos conquistados :)

Bem agora podem-me colocar as perguntas que bem entenderem, bastando para tal carregar aqui

E pronto, 2009 já partiu e 2010 já teve os seus primeiros momentos. O ano que terminou levou com ele tanta coisa e para mim pessoalmente não deixa grande saudade. Não foi um ano fácil em muitos aspectos da minha vida pessoal, trouxe incertezas, angustias, problemas mais sérios que outros, ilusões e grandes desilusões, enfim alguns momentos dificeis, num ano que como paradoxo, tinha começado tão bem. Foi um ano de intensas experiencias e de viragem na forma de ver e sentir muita coisa, permitiu-me crescer e dimensionar outros objectivos. No seu final alcencei um dos mais importantes, algo que tinha ficado pendurado anos atrás e que foi atingido, falo do meu 12º ano, preso pela Matemática há anos e que finalmente ficou ultrapassado. Foi um pequeno/grande passo na minha vida, algo que me deixou orgulhoso, surgiu de facto de momentos e de uma pessoa que sem duvida mudou e muda a minha vida. Acredito firmemente que foi um passo que vai ter continuidade, que me vai permitir tornar reais outras ambições. 2009 foi por vezes longo longo, com meses que pareceram intermináveis, o Verão,por exemplo, foi algo penoso para mim, bem diferente de muitos outros. Os ultimos dez meses foram lentamente retirando a magia especial que existia, a cumplicidade sublime, tantos e tantos instantes preciosos, essa perda foi cruel e dolorosa, deixou marcas que não passam de ânimo leve, mas que no final não conseguiram destruir o encanto, a ilusão e os sonhos que ainda por aqui habitam. Sou pessoa de lutas, e aquelas que se tornam mais duras são as que mais gosto de lutar. 2009 foi um ano agri-doce no mundo da bola, O meu GLORIOSO na primeira metade do ano menos bem ( o BENFICA nunca está mal :) ) cheio de problemas, bem aquela ida à Luz para ver o jogo com o Trofense foi dos momentos mais tristes naquele estádio; e a segunda metade do ano com grande ilusão, fruto de futebol de classe, golos, garra e determinação, de uma equipa treinada por alguém que confesso não estava nas minhas escolhas. Na bola cá do cantinho foi o contrário, uma primeira parte do ano com grandes momentos de um reviravolta de categoria, e um final de ano penoso, com a ausencia de vitórias e o ponto mais negro naquele dia fatidico de Coimbra.
2009 foi embora, e não sendo o tal ano que procuramos sempre nas previsões dos astrólogos e afins, foi mais um ano que me permitiu estar ao lado de bons amigos, da familia, que me deu boas gargalhadas, boa saúde, bons e unicos momentos e saí dele com a força necessária para encarar 2010 com ambição e vontade de o tornar um ano inesquecivel. Vamos a ele...
PS- Tinha escrito as linhas acima na noite anterior ao primeiro jogo oficial do ano, o nosso regresso às vitórias e o meu regresso aos golos. Parece que 2010 entrou a sorrir :)

Perguntinhas da algibeira

Sirvam-se à vontade :)

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