É um lugar comum dizer-se que faltam palavras que definam alguma coisa, os dicionários que parecem tão vastos são tantas vezes insuficientes para definir algo, descrever coisas que sentimos, que vemos, que alcançamos e que depois nos parece pouco dizer que são boas, muito boas fantásticas, soberbas, ao adjectivo mais elevado e no entanto fica aquela sensação: - porra não é suficiente para definir o quanto positivo é. Não sei se algum dia a tecnologia vai chegar ao ponto de conseguir resolver este problema do ser humano, mas duvido, porque vai ser difícil algum dia uma máquina, um software, qualquer coisa, consiga descrever com exactidão o que sinto, por exemplo, ao ver-te sorrir, ao abraçar-te, ao sentir-te bem perto de mim. São momentos que ultrapassam as palavras, vão mais além da linguagem escrita ou falada, são da linguagem da alma, do coração, não se traduzem, não se percebem, apenas tomam conta de nós e dão sentido a tudo. É como dizer gosto muito de ti, amo-te, adoro-te, qual significará mais? Não sei, talvez nenhum deles, prefiro sempre sentir que te amo porque sorrio quando sorris, porque choro quando tu choras, porque me elevas todos os sentidos quando me abraças, prefiro quantificar o quanto gosto de ti em cada gesto ou emoção, ao pensar em ti quando adormeço e quando acordo, ao querer estar perto de ti, sentir a tua falta quando não estás, achar o som do teu sorriso a melhor banda sonora do mundo, e a tua cara quando te preparas para me fazeres cócegas a mais transparente de todas. Não existem mesmo palavras, porque gostar de ti é saber que não existe nada mais importante que preservar esse sorriso lindo.

Amo-te muito ( caraças, parece tão pouco mesmo assim ) :)


Todos cometemos erros, a perfeição é sempre um patamar muito difícil de alcançar. Erramos muitas vezes por distracção, falta de concentração, má preparação, etc etc, mil e um motivos que nos levam a deslizes mais ou menos graves. O pior lado dos erros que cometemos, pequenos ou grandes, é que existem sempre consequências, que infelizmente tão poucas vezes sabemos prever ou quantificar. Umas vezes erramos por sermos inconsequentes, levianos e por termos momentos de pouca lucidez ou nem percebemos que estamos fora do contexto, ficamos ainda mais longe de ser perfeitos, a uma distancia que de repente fica gigante de sermos uma pessoa melhor. E no fundo é essa a nossa corrida de todos os dias, sermos melhores, mais fortes e mais capazes, vencer as lutas interiores e mantermo-nos no nosso caminho. Erramos e causamos dor, aos outros e a pior delas todas, sufocamos a nossa consciência que sem perceber nos fez desviar do que sempre defendemos, pró muito ligeiro que seja esse desvio, a dor de se saber que por instantes deixámos de ser quem somos e queremos ser é avassaladora. Percalço de uma viagem que teima em ser dura em tantos momentos, como se os momentos de paz, de sonho real apenas existissem para aliviar o sombrio de sempre. Os fracos entram nos desvios e de lá nunca mais voltam, os fortes corrigem os erros, aprendem, crescem e percebem que existem caminhos dos quais não nos podemos desviar um milímetro.

Em momentos assim em que a dor invade todos os sentidos, em que respirar por vezes custa tanto, em que a vergonha de nós mesmos nos faz querer fugir para bem longe é que ficamos no limiar de dois caminhos, sucumbir ou dar um novo sentido a tudo. Em momentos assim percebemos que errar não faz sentido quando se fere, mesmo que inadvertidamente, a felicidade que mais amamos, aquela que não é “nossa” mas sim de quem habita no nosso coração. Não existe dor maior que essa, sentir que magoamos quem é mais importante, quem faz de nós pessoas melhores. Quando vemos o sorriso mais sublime que conhecemos desvanecer-se, quando sentimos a tristeza em cada gesto, em cada palavra, quando sentimos que aquilo que mais queremos é que a outra pessoa esteja bem, e que da felicidade dela depende cada milésimo de segundo da nossa.

Errar, seja em que proporção for, pode ser uma porta fantástica para um caminho mais forte, para se construir um sonho ainda mais capaz, porque nunca mais se quer ter a sensação de que se magoa um coração que amamos. Da janela de um erro vi que o caminho em que sempre acreditei existe mesmo e vale mesmo a pena, e vou continuar nele de alma e coração.

Vivemos tempos difíceis, mergulhados numa crise económica sem precedentes, um clima crescente de desconfiança nas instituições, um ambiente social cada vez mais insustentável, a que agora se juntou uma crise politica oficial, uma vez que na minha opinião os políticos como classe estão em crise há muito tempo. Nunca como actualmente se teve tanto medo do presente, e tão pouca disposição para sonhar um futuro melhor, o cinzento ganha cada vez mais cor na mente e nos dias de todos. Acho que todos conhecemos razões para a sociedade em geral ter chegado a este ponto, e racionalmente todos temos de admitir a quota parte de culpa neste desmoronar de um modo de estar que parecia ter tudo para dar certo. A forma desleixada e pouco rigorosa com que lidámos com o tempo das vacas gordas (se considerarmos que em Portugal as chegou a haver), os anos sucessivos em que nos fomos enganando a nós próprios com a ideia de que estávamos a recuperar décadas perdidas, quando agora percebemos como por cada passo em frente dado, davam-se 3 ou 4 para trás. Muitas vezes mal governados, mal geridos, enganados sobre a real situação, constantemente a “pagar a factura “ de derrapagens orçamentais e politicas falhadas, esquemas, escândalos e reféns de um sistema judicial que pura e simplesmente não funciona, criando este clima de impunidade que tira credibilidade a tudo e todos. Um pais pequeno em tamanho e no entanto capaz de criar problemas gigantes e dar tiros nos pés que inevitavelmente atingem sempre os mesmos rostos cansados e cada vez mais perto do limite do sustentável. Estamos no limiar do valer quase tudo pata salvar a pele, do salve-se quem puder, e isso é terrivelmente assustador, esta ausência de um rumo, de acreditarmos que alguém de entre aqueles que têm lutado pelo poder, tem capacidades e condições para dar a volta a isto, mais do que a falência dos bancos é a total falência de valores. Todos somos culpados, porque todos ao longo de anos e anos sustentámos o crescimento deste vazio, sem nunca parar para pensar, não resistindo a viver tantas vezes acima das reais possibilidades, no fundo fazendo nas nossas casas o que os governantes faziam ao pais, pintando um cenário de mil cores que agora se perde neste cinzento sombrio. É a crise que tomou conta de todos os assuntos, um momento duro que veio para ficar por tempo largamente indeterminado, e pior de que todos os receios inerentes, é a triste sensação que poderá não ser desta que vamos pensar sobre todos os erros cometidos e criar uma base forte que impeça que tal possa vir a repetir-se, mas sim remediar da melhor maneira a crise actual, tentado aguentar até à próxima, de preferência num lugar que nos permita sacudir a agua do capote depois. É um filme visto e revisto por gerações e gerações, à rasca ou menos à rasca temos todos de deixar cada vez mais o conforto da plateia, das palmas por arrasto e dos assobios por tudo e por nada, e passarmos para o palco, assumindo riscos e tendo ideias, lutando por convicções e não ficar na zona segura do “ eu bem avisei”…

Os finais de ano são pródigos em balanços, retrospectivas, filmes de 365 dias que no fundo são sempre cheios de tudo um pouco. Mesmo inadvertidamente todos temos tendência a cair nesse hábito de parar para pensar nas voltas que a vida deu um ano depois das dozes passas de doze meses atrás. Na minha viagem ao longo do ano que agora se despediu encontro muita coisa boa, bons momentos, lugares, pessoas importantes, fecho os olhos e sinto-me recompensado em tantas horas, satisfeito com o que dei e aquilo que recebi. Foi um ano positivo, de crescimento, de maturação de ideias, de sentimentos, de um mundo que é o meu ao qual fui fiel nos actos e no carácter. Regressei tantos anos depois às origens, aos lugares de uma infância que em tanto fez de mim aquilo que sou hoje, estive no dia do regresso do meu clube aos títulos, no Estádio, naquela noite memorável do Marquês de Pombal, fui operado num momento delicado em que não me faltou a coragem e a certeza de um passo que mudou a minha vida para sempre. Nestes balanços existe sempre a tendência de realçar grandes coisas e esquecer que é tão importante ter a saúde e a força necessária para viver todas as pequenas outras que fazem parte de todos os dias, de quase todos os anos. Estar com a família perto, com os amigos de sempre, acordar e ter trabalho, ter a possibilidade de se fazer algo que se gosta com pessoas extraordinárias, entrar num balneário e falar nos olhos de um grupo de crianças que tem uma alma soberba, tantos pequenos / grandes gestos de sempre que os pudermos continuar a fazer são das melhores coisas de cada ano. Nem tudo foi bom neste 2010, nem poderia ser, no meu caso pessoal marcado fundamentalmente por um duro golpe em muito do que eu fui acreditando ao longo dos anos. Pessoas que num ápice podem descer aos trambolhões na hierarquia das mais importantes nas nossas vidas, e desses golpes nunca estamos à espera. Quando achamos que conhecemos alguém, anos de vida partilhados ao máximo do imaginável, que são jogados no lixo, manchados com dor por actos e palavras impensáveis, por silêncios ensurdecedores que cimentaram um cenário que há apenas uns meses seria difícil de supor. Foram dias tremendamente difíceis, perceber que afinal não somos assim tão perspicazes como julgamos, que existem jogos hediondos em que pessoas brincam com sentimentos e em que o carácter foi posto de lado de uma forma fria e sem sentido. No fundo acho que é nestes acontecimentos menos bons que realmente podemos perceber a massa de que somos feitos e escolher um caminho, entre o entrar nesse esquema ou seguir o nosso caminho com a certeza de que a vida se vai encarregar do resto.

Não apenas de balanço se fazem estes dias, é sacramental fazerem-se desejos, as resoluções para os doze meses que se seguem. Acredita-se firmemente que tudo vai ser melhor, que não se vão cometer os mesmos erros, que o euro milhões é uns forte possibilidade, que vamos ser promovidos, deixar de fumar etc. É um renovar generalizado da esperança, e no caso deste ano bem precisamos dela, face ao cenário catastrófico que todos os dias os telejornais nos mostram, com aumentos de tudo e mais alguma coisa, menos dos números das nossas contas bancárias. Tenho para mim que este pais está em crise não apenas económica, mas fundamentalmente de valores e de alguém em que possamos acreditar. A descrença numa classe politica banal e num sistema judicial que por e simplesmente não funciona vai aniquilando um pais à beira mar plantado que tem tudo para dar certo e não dá.

Eu que me despedi do ano velho nos braços de uma bela…gripe entro no novo ano com a ilusão mais alta do que a febre, o acreditar mais forte que a tosse, a chama e o querer mais intensos que as dores de garganta, cheio de vontade de lutar em cada dia para que as coisas possam correr bem a mim e a todos os que me dizem algo, aqueles que tenho o privilegio de saber que os anos no calendário mudam e eles estão sempre aqui….bom ano novo pessoal


23 de Maio de 1990, saio de mais um dia de escola a correr, chego a casa mal conseguindo conter a ansiedade, conto as horas e os minutos, a esta distancia temporal recordo o passeio de bicicleta com os amigos para ajudar o tempo a passar. À hora marcada em frente à televisão preparo-me na minha meninice para ver o jogo, a final da Taça dos Campeões Europeus entre o meu Benfica e o Milan de Itália. Confesso que na altura não alcançava a importância de um jogo desta envergadura, era mais um jogo, e estaria longe de imaginar que seria até ao momento, a ultima final europeia do clube. Perdemos e naquela noite de Maio o meu benfiquismo de menino terminou em lágrimas que apenas pararam com a oferta de uma bola. Sempre recordei essa noite como um dos fundamentos desta paixão vestida de vermelho e branco, cresci com ela, ela cresceu à medida que os anos foram passando, cimentou-se, tornou-se parte de mim. Como todas as grandes paixões vive de enormes alegrias e de tristezas dilacerantes, sentimentos vividos na intensidade das grandes emoções, das coisas que nos enchem os dias. Este domingo era um dos mais de 64 mil que aguardavam em êxtase o final do jogo com o Rio Ave em plena Catedral, olhava o relvado, contemplava a multidão imensa, sentia toda aquela atmosfera inacreditável, e a mente recordava em passo acelerado tantos momentos de uma vida inteira de sonhos e ilusões, daquele menino que o golo do Rickard pôs a chorar ao homem feito que correu bancada abaixo para festejar o bis do Tacuara Cardozo. Sentir um clube acho que é isto mesmo, sentirmo-nos parte da sua história, termos a certeza que o clube faz parte da nossa. No domingo o relógio acelerava rumo a um título tão desejado e eu e aqueles milhares todos comungávamos a sensação que aquilo era também nosso, que também o queríamos dedicar á família, aos amigos, a alguém especial, também queríamos erguer a taça bem alto, beija-la, leva-la para casa. Esta magia de nos sentirmos capazes de tudo, de nos revermos naqueles heróis que carregam o manto sagrado, esta força única do futebol que tão subtilmente é uma metáfora da vida. No último segundo do jogo, no último instante de tão longa batalha, sorrisos mil, abraços sem parar e uma emoção enorme partilhada num pequeno / grande gesto com alguém que não se esquece. Um sonho cumprido, estar naquele palco num momento tão alto, foi como tocar nas nuvens, um prémio justo para anos de dedicação e identificação mútua. Saídos da Catedral de todos os sonhos, uma viagem atribulada no metro levou-nos até ao famoso Marquês do Pombal, palco histórico dos festejos do clube. Subo as escadas em passo acelerado e deparo-me com algo que jamais esquecerei, um cenário verdadeiramente louco numa festa com dimensões que ultrapassava todas as minhas expectativas. Horas e horas de uma alegria que exultava em cada canto, em cada pessoa, em cada bandeira que abraçava ao vento, em cada grito, em cada um dos milhares e milhares de verdadeiros campeões. No meio de toda a euforia a sensação soberba de sentir que era uma festa apenas a favor do clube de todos, sem cânticos contra ninguém, sem se falar em mais ninguém, ver o Rui Costa a silenciar alguns adeptos que começavam a cantar contra um determinado presidente, pedindo para que apenas se cantasse pelo Benfica. Isto entre muitas outras coisas marca a diferença, e provoca a existência de um clube sem símbolo mas com o rosto de todos aqueles que invejam a nossa grandeza especial , o Anti-Benfica teve um ano difícil e espero que o repita por muitos e bons anos.
Deixem passar o MAIOR de Portugal – Na alma a chama imensa


Do fundo da noite que me envolve
Escura como o inferno de ponta a ponta
Agradeço a qualquer Deus que seja
Pela minha alma inconquistável

Nas garras dos destino
Eu não vacilei nem chorei
Sob as pancadas do acaso
Minha cabeça está sangrenta, mas ereta

Além deste lugar tenebroso
Só se percebe o horror das trevas
E ainda assim, o tempo,
Encontra, e há de encontrar-me, destemido

Não importa quão estreito o portão
Nem quão pesado os ensinamentos
Eu sou o mestre do meu destino
Eu sou o comandante da minha alma


William Ernest Henley



Vi ontem este filme e achei bastante inspirador, a história verdadeira da conquista do Mundial de Rugby de 1995 da Africa do Sul, ou como mais uma vez o desporto foi fundamental na afirmação de um povo e neste caso, na união de duas raças que conviviam há muito tempo em conflito. Nelson Mandela foi sempre uma figura que me despertou curiosidade, e este é um excelente filme que aborda a forma como inteligentemente e com uma humanidade soberba, assumiu os destinos da África do Sul e abraçou o sonho da "Nação do Arco-Iris". Esse sonho que uma pequena cela nunca conseguiu amarrar, e teve o seu primeiro grande momento quando o capitão François Piennar levantou a Taça do Mundo que poucos julgavam ser possivel de conquistar. Mais do que o relato de uma conquista desportiva, este filme é cativante em todos os momentos, e o seu titulo vem de um poema que Mandela usava como fonte de motivação para não desistir nos momentos mais dificeis passados na prisão: Invictus de William Ernest Henley, que aqui deixo, porque somos todos comandantes da nossa alma.

Perguntinhas da algibeira

Sirvam-se à vontade :)

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